Alcoa: Uma galeria em Lisboa com assinatura de beneditense

A rua não é a mais movimentada de Lisboa, passa até ao largo da enchente estival na capital portuguesa. Se a entrada do prédio é despojada, a galeria Bangbang do beneditense Gilberto Colaço e Catarina Lira Pereira dá as boas vindas aos visitantes com uma interpelação visual e física: no primeiro piso, as paredes brancas revelam a instalação de Carlos Nó. Uma barreira. É uma das peças da exposição Arame, patente até ao final de julho na galeria de arte da rua Almeida Amaral.



A galeria abriu portas em 2013 com a exposição Tiro no Escuro. Catarina Lira Pereira, natural de Paredes de Coura, e Gilberto conheceram-se na faculdade, no Porto. Foram ambos professores de artes no ensino básico, mas “durante pouco tempo”. O início do seu percurso artístico deambulou entre exposições por outras galerias, a par de uma soma de concursos, para os profissionais “a avaliação depois da faculdade”, segundo Catarina.

Em 2008, a crise imobiliária abriu caminho à compra do espaço onde instalaram a sua própria galeria-atelier de arte contemporânea. No rés-chão há ainda imagens da reconversão da antiga fábrica de estores, às portas do hospital Miguel Bombarda. “Queríamos estar à frente do mercado, não dependentes dele”, nota Catarina.

A galeria é também um lugar de passagem de amigos, artistas, amigos de artistas ou colecionadores, sugere Gilberto Colaço. No percurso do beneditense conta ainda uma outra aventura de portas abertas. Juntamente com o irmão, Gabriel, também artista plástico e com o qual ainda hoje trabalha, Gilberto abriu na Benedita uma galeria no início da década de 2000. Durou apenas alguns meses.
Em setembro a galeria volta a abrir portas com nova exposição. À porta há por agora cartaz sugere um novo concurso para jovens talentos. Em Lisboa a “experiência superou as expectativas”, garante Gilberto. Se a crise foi oportunidade para abrir portas em Lisboa, para cada artista, no curto e condicionado mercado português de arte, é necessária reinvenção e trabalho. E por vezes, garante Catarina, um segundo plano.

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